quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

CONCEPÇÃO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Vale assinalar que essa concepção da dificuldade de aprendizagem centrada no aluno como portador das deficiências e dificuldades pessoais esta superada na pesquisa e literatura educacional, cujo foco esta mais voltado aos fatores intra-escolares, como também aos de ordem social, econômica e política envolvidos na educação.
A falta de fundamentação teórica que norteie a ação do professor ocorre com freqüência embora o conhecimento deva ser o alicerce de sua formação.
De fato a realidade que se impõe ao educador, principalmente á figura do professor, é nada animadora. Ao começar pela desvalorização e por certa aversão em relação e ele, uma imagem da profissão de fome, de pouco prestigio social, sem poder de decisão. Na nossa realidade penso que se trata da nossa realidade. Como afirma Nóvoa é importante recolocar os professores no centro do debate educativo pois as soluções surgem a partir das percepções e representações que os próprios professores tem de suas praticas de seu espaço e dos limites de suas ações. O processo sem duvida envolve reflexão e autooconhecimento, embora observar seu próprio trabalho e mazelas seja uma tarefa muito árdua para qualquer pessoa.
Para tentar compreender o que é o homem é preciso buscar conhecimentos multidisciplinares na sociologia, na antropologia, na pedagogia na psicologia, na biologia, na historia das humanidades, nas religiões, nas artes etc. o que se pretende com isso é encontrar um caminho para a diferenciação nas diversas naturezas.
A aprendizagem é dificultada quando o educador não permite que o aluno se reconheça como sujeito pensante.
Antes da criança entrar na escola ela é reconhecida socialmente a partir de seu pertencimento a uma família “filho de fulano” a referencia será sempre os pais, após ingressar a escola a situação se inverte e são apresentados como “pais de fulano” são fatores importantes para a constituição da identidade e para aprendizagem, já que aprender só é possível a partir de reconhecer-se o que implica em ser reconhecido.
Espero que este artigo contribua para alargar nossas reflexões sobre nós mesmos, fortificando nossas buscas na relação de ensino/aprendizagem.
Perceber no ato de aprender é dar-se conta do que acontece ou pode acontecer ao seu redor, com a percepção e o entendimento é possível o “significar”.
O fracasso escolar é um fenômeno recente que surge com a obrigatoriedade da escola no fim do século XIX e aparece como uma das questões importantes da contemporaneidade. O sofrimento do aluno e do professor aparece como sensação de desamparo na busca de culpados (pais, sistema educativo, instituição) a falta de resposta demanda a uma angustia paralizante.
Professor/aluno, educador/educando, ensinante/aprendente, essas relações se instituem em aprendizagem, mas se situam em lugares diferentes tratando de níveis distintos do aprender.
A relação professor/aluno implica numa aprendizagem relacionada a conteúdos formais de uma determinada disciplina. A relação educador/educando implica numa aprendizagem relacionada a questões mais amplas, segundo os ideais de uma cultura e moral de um povo. A relação ensinante/aprendente implica numa relação transferencial que se define a partir de lugares subjetivos, não dão conta dos posicionamentos singulares diante do conhecer e aprender. Nesta relação aquele que ensina deve perceber que enquanto ensina, aprende sobre o outro, sobre ensinar, sobre si mesmo.
Um professor não se transforma em educador ao mudar seus pressupostos metodológicos, pois não é isso que o define. Apesar de estarmos falando de lugares objetivos e de um conhecimento também objetivo permeados pela relação ensino/aprendizagem cada um tem seu papel definido socialmente. Situam-se em lugares distintos e tratam de aprendizagens diferentes.
A psicopedagogia busca compreender a subjetividade constituída pelo desejo de saber e pela demanda de conhecimento, não busca compreender o homem, mas o sujeito.
O pensamento é uma instancia psíquica pessoal, um mundo subjetivo próprio separado da subjetividade materna.
O texto se propõe a uma reflexão da aprendizagem na formação do sujeito. Encontra-se em todos os níveis educacionais do curso primário á universidade (mesmo na pós-graduação) muitas pessoas com a dificuldade de se “dispor a aprender” fica preso a imagem autobastante de eu ideal. Na posição “não preciso de ninguém”. Dispor-se a aprender implica em fazer renuncias sobre a idealização de si mesmo, é preciso dos outros, é trocar com os outros, é aceitar novas identificações para si próprio.
Estamos na época da alta modernidade com muitas dificuldades e perigos e muitas oportunidades também. Oportunidades para o avanço de bem-estar individual e social. Muitas das questões sociais não encontram saída por causa de questões da subjetividade. Dentre tantas organizações com esse problema particularmente a educacional.
O que dizer da escola primaria no Brasil com tal nível de evasão escolar? Na universidade, com tal nível de baixa criatividade?
A escola depois da família é a organização “cuidadora” por excelência. Os professores são importantes para as crianças e adolescentes se identificarem, principalmente se advém de família em que pai e mãe falham enquanto figuras cuidadoras. A escola junto com a família é o tipo de organização cuidadora que mais pode propiciar o surgimento do novo, do desenvolvimento criativo e pode aproximar-se da mãe, professora “suficientemente boa” que propiciam uma auto-imagem positiva no seu aprendizado.
A criança é o que o ambiente lhe permite ser, frente a um ambiente ruim congela o seu Eu verdadeiro e utiliza o falso para sobreviver, aguardando um outro ambiente onde possa descongelar.
Os professores têm grande responsabilidade na construção da cidadania pela sua pratica social. Sendo referencias e exemplos para seus alunos, como mediadores tem também a responsabilidade de ajudar a organizar a auto-imagem do outro. Estimular debates, troca de experiências, o respeito a diversidade e á democracia, o direito de ter opinião, a pratica da argumentação e da defesa de idéias que tenham como objetivo maior garantir a liberdade, a justiça social e a igualdade. Quanto aos coordenadores devem estimular a participação, não ter um projeto pronto e impor essa proposta. Há que levar em consideração o valor dos colegas.
Encontra-se também na universidade, estudantes infantilizados em vários níveis, estudantes com pouca vida interior próximo a situação de “não se dispor a aprender” e também de não conseguir usar da própria criatividade. A “incapacidade” de “ouvir” a organização passada na aula pelo professor referente ao que ler como ler, trabalhos com idéias de autores, sem que sejam citados; trabalhos copiados da internet são alguns dos indicadores do tédio que carregam esses estudantes robotizados, com falta de vida interna. Como, por exemplo, fazer essas pessoas, já no mestrado e doutorado, produzirem teses? Como criarem se não tem criatividade em suas vidas?
Vale ter em conta também a organização do ensino universitário no Brasil que rebaixou a qualidade da aprendizagem. O nível de exames e multiplicou o numero de unidades de ensino universitário precárias. Acenamos para o professor criativo, inovador em todos os níveis educacionais, trazendo esperança de uma vida melhor. Aquele que conseguiu sair do circulo vicioso da “robotização” e fazer parte dos “cuidadores” que seja de alunos implicantes, dos que não podem ouvir, aprender, etc. professores esses, preciosos, pois ajudam a romper com a robotização de criar profissionais robotizados nas empresas, organizações e na própria escola de novo.
Acompanhamos atualmente alunos portadores de deficiências cognitivas que sempre pôde freqüentar a escola, mas que apresentam em seu percurso dificuldade de aprendizagem são denominados alunos difíceis, fracassados. Quando falam de alunos difíceis referem alunos que apresentam queixas de dificuldades de aprendizagem cuja etiologia não se encaixa em quadros neurológicos, em geral tem comportamentos hiperativos e dificuldades nos processos simbólicos que dificultam a organização do pensamento. Mas demonstram potencial cognitivo com condições de serem resgatados em sua capacidade de aprendizagem.
Essa problemática vem da base da alfabetização que implica em falhas, não tem autonomia para conduzir seu percurso de aprendizagem nem as demandas escolares trazendo conhecimentos fragmentados e verdadeiros “buracos” não só na aprendizagem, mas na sua historia como sujeitos.
Alunos que permanecem na sala mas são desarticulados e desinteressados com as aulas, é preciso entender o que eles tentam nos comunicar com suas constantes recusas diante dos conteúdos pedagógicos, de dividir atenção do professor com os colegas, a “falta de limites”e agitação perante as propostas escolares. Uma boa proposta de trabalho seria um projeto envolvendo a historia de cada aluno aproveitando para ampliá-la como estratégia pedagógica na construção de sua aprendizagem, explicar o referencial teórico de onde partiu a idéia, justificando e fundamentando essa proposta.
Milhares de pais falam de seu sofrimento diante das dificuldades do filho, suas angustias por não saberem como lidar com as oscilações de comportamento deste, os fracassos constantes vividos no meio social e escolar, e os preconceitos enfrentados perante a sociedade. Ficam presos na culpa, mas é preciso uma mudança de posição subjetiva dos pais da culpa para a responsabilidade no sintoma do filho, não é preciso se defender frente a colocações ou apontamentos, mas aceitá-lo, enxergá-lo ouvi-lo de fato com suas necessidades e desejos pensando em formas de ajudá-lo a superar alguns de seus impasses na vida. Pensar sob outros ângulos e enxergar sob nova ótica.

Pontuarei algumas questões para reflexão sobre A constituição do Eu, através da relação com o outro, nas relações pedagógicas humanizadoras e afetivas. Não me proponho aqui a apontar caminhos ou respostas, mas colocar pensamentos e perguntas no intuito de alimentar a busca de instrumentos para a construção de novos espaços educativos.
A constituição do Eu, através da relação com o outro, é um tema trabalhado com ênfase na teoria do desenvolvimento de Henri Wallon. É a relação com o meio humano que nos torna humanos, constituindo pessoa com uma identidade única e própria. O que nos liga ao outro é a emoção. O amor é a emoção do reconhecimento da essência que une seres humanos. Nos humanos somos todos diferentes, mas da mesma essência, essas diferenças não podem confundir-se com desigualdade.
Aprender a amar é o quinto pilar do conhecimento para a educação da nova era. Pois o amor é a condição necessária ás relações éticas e transformadoras entre os seres humanos. É possível aprender a amar, quando aprendemos que as diferenças não tornam as pessoas melhores ou piores, apenas diferentes.
Quando me aproprio de informações recriando e compreendendo sua existência singular me torno autora dessa construção e de meu pensamento. A informação só faz parte do conhecimento do aluno, quando essa informação deixa de ser igual a que a professora lhe transmitiu.
É preciso despertar o prazer dos alunos em reconhecer a produção de sua autoria. Libertá-lo desse reconhecimento só através do olhar do outro. Valorizar o que eles têm de original libertar da repetição, estereotipia. Valorizar principalmente o prazer que se pode obter na autoria, na realização do desejo próprio.
Oferecemo-nos a eles como referencia, nunca como modelo a ser simplesmente imitado.
Para onde e dirige o olhar psicopedagógico? Quais são as implicações para a psicopedagogia? Uma questão fundamental com que se defronta são os processos emocionais contidos nos problemas de aprendizagem, que exigem respostas compatíveis tanto no plano dos referenciais norteadores, quanto na pratica do diagnostico e do tratamento das perturbações.
O psicopedagogo necessita de uma visão amplificada levando em conta seu mundo interno e externo, considerando o educando em sua inserção social, educacional e familiar, com enfoque psicanalítico clássico que contempla a questão da aprendizagem.
Antes de tudo o olhar do psicopedagogo dirige-se a existência em cada pessoa do seu interior, indagando dela o que a caracteriza como essencial única e individual. A observação profissional centraliza-se no contexto com esse ser, especialista naquilo que impede a pessoa de se nortear por si próprio e de se realizar.
O grau de distanciamento de contato passa a ser o fator principal a exigir atenção do psicopedagogo, uma vez que as dificuldades emocionais que se refletem sobre seu campo de atividades tem a ver, sobretudo com dificuldades de contato com esse ser. Quanto maior for o distanciamento do contato mais graves tendem a ser as perturbações psíquicas, mais graves tendem a ser, também os problemas emocionais que se encontram na área da psicopedagogia.
Em cada nível e grau de distanciamento há tipos característicos de perturbações psíquicas que se denunciam como problema de aprendizagem. Não se lida com tais problemas se antes não se conhecem os determinantes que dificultam ou impedem uma pessoa de ser ela própria e de se realizar plenamente. É função da psicopedagogia trabalhar pelo desenvolvimento de seres humanos inteiros, que se realizam plenamente como pessoas e que mantenham intactos suas condições interiores de sentir, pensar e agir de modo integral e verdadeiro. Isso se obtém através da autonomia e da liberdade de atuação do seu interior em cada um, sendo alcançado por meio de esforços de conhecimento das atividades do self (significa o nosso eu profundo, a maneira única de uma pessoa existir no mundo) sensorial associados a direcionamentos voltados aquilo que intrinsecamente a pessoa é.
Linguagem televisiva é um grande e influenciador mecanismo que faz parte de nossas vidas, onde ativa de forma intensa nossa atenção visual e auditiva, vivenciamos essas projeções e identificações repetindo modelo de cabelo, modas, profissões, etc. o apelo visual é muito forte e supera a linguagem oral ficamos presos a esses sentimentos de identificação sem muita margem para deles fugir, mergulhamos relativamente na fantasia, ficamos contaminados pela sedução das historias com final feliz, com a potencia, competência, beleza, riqueza dos personagens de novela, das propagandas dos mais variados produtos fazendo-nos desejar tudo aquilo. Sofremos, rimos ficamos ansiosos, com tudo o que vemos e ouvimos pela televisão, que entra sem aviso prévio em nossas casas.
A televisão pode fixar a criança em personagens que tenham a ver com seus desejos, medos, conflitos por tempo demasiado longo, mantendo a criança na fantasia, na onipotência, que são impeditivos do crescimento e da aprendizagem. Esses aspectos agregados aos novos modelos familiares, com ausência de casa de pai e mãe que trabalham geram, algumas vezes sentimento de abandono por parte da criança e culpa por parte dos pais. Mas a televisão, hoje em dia não é a maior vilã da historia, esse lugar no momento é da Internet, que fica fora do controle, enquanto a televisão pode sofrer relativa censura por parte dos pais e dos órgãos judiciais responsáveis por criança e adolescentes. O preocupante é o longo período que ocupa no dia-a-dia da criança desviando-a de brincadeiras motoras necessárias a sua idade. É importante que se converse sobre o que elas assistem, procurando descobrir que leitura fizeram e do que viram ajudando-as desenvolverem um pensamento critico entre o que é fantasioso e real.

Quanto aos problemas de aprendizado escolar a interação favorece o desenvolvimento e a linguagem. Para eles, há uma construção mútua e dinâmica do conhecimento. O que é considerado problema de aprendizado escolar? E quais os procedimentos adotados para resolvê-los?

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