quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FREI NIVALDO LIEBEL – ASSEFRENI
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA
CELER FACULDADES
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
MARIA DO CARMO ABREU SILVA AMAMBAHY
COORDENAÇÃO ESCOLAR: E A DIMENSÃO AFETIVA NA APRENDIZAGEM
XAXIM, SC – 2009ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FREI NIVALDO LIEBEL – ASSEFRENI
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA
CELER FACULDADES
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

COORDENAÇÃO ESCOLAR: E A DIMENSÃO AFETIVA NA APRENDIZAGEM

Monografia de Conclusão de Pós-Graduação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Escolar e Práticas Interdisciplinar Associaçao Educacional Frei Nivaldo Liebel – Faculdade de Ciencias Sociais Aplicadas – FACISA CELLER FACULDADES Professora Orientadora Maristela Riva Knauth
Xaxim, SC – 2009
Dedico este trabalho a minha família, pelo amor, paciência, compreensão e apoio na minha busca por novos conhecimentos.
AGRADECIMENTO
Aos meus colegas da turma pelo companheirismo e cumplicidade, pelas as lutas e todos os momentos inesquecíveis. E por todas aquelas pessoas que contribuíram e me incentivaram de forma direta ou indireta possibilitando a realização desta conquista.
RESUMO
O presente trabalho intitulado como Coordenação Escolar: E a dimensão Afetiva na Aprendizagem tem como objetivos, refletir sobre a afetividade como fator importante no relacionamento professor e aluno, desenvolvendo análises sobre a interligação entre a aprendizagem e a afetividade na formação da auto-estima; analisar que ações pedagógicas favorecem a afetividade no trabalho do professor e identificar as dificuldades na relação professor e aluno, que envolvem a questão da afetividade com a aprendizagem além de discutir a postura do professor diante das dificuldades no relacionamento com alunos. Esse tema foi escolhido pela necessidade de aprofundar e repensar as discussões que enfoca a importância de se trabalhar a afetividade como elo de desenvolvimento e construção do processo de ensinagem. Os problemas relacionados á educação atingem patamares cada vez mais complexos, é um universo a ser descortinado, o ato de educar não pode ser visto apenas como depositar informações nem transmitir conhecimento. O ato de educar só se dar com afeto. E a afetividade tem uma função central no processo de ensino-aprendizagem. Através de observações e algumas práticas pedagógicas conclui que a afetividade e a educação é um desafio para a aprendizagem significativa e consiste num processo de educação para a vida, numa parceria entre professor, aluno, família e comunidade, grupos sociais tão importantes no sucesso da aprendizagem do aluno.Este papel cabe a nós professores que não estando preparados, devemos nos preparar para esse fim, que o problema não esta no aluno, mas na competência do professor que mesmo sendo vitima da precariedade de formação, de capacitação e desvalorização profissional tem o compromisso de resgatar o vinculo afetivo professor-aluno.
Compreender a necessidade de sua participação efetiva e ativa na transformação do processo de construção do conhecimento, e da realidade vivida pelo aluno. Porém, isto hoje só não basta, pois além da necessidade de interação é primordial que esta interação esteja associada à afetividade entre aluno e professor, já que afeto está mundialmente ausente em nossos dias.
Palavras-Chave: Afetividade, professor-aluno, ensino-aprendizagem, coordenação
ABSTRACT
This paper titled Coordinating School: And the Affective Dimension in Learning aims to reflect on the affection as an important factor in the teacher and student, developing analysis of the links between learning and emotion in the formation of self-esteem, consider that pedagogical actions in favor affection teacher's work and identify the difficulties in the relationship between teacher and student, involving the question of affectivity with the learning and discusses the position of teacher in the face of difficulties in relationships with students. This theme was chosen by the need to rethink and deepen the discussions that focuses on the importance of working as a link to affective development and construction process of tutoring. Problems related to education levels reach increasingly complex, it is a universe to be disclosed, the act of educating can not be seen merely as file information or transmit knowledge. The act of educating only to give affection. And the affection has a central role in the process of teaching and learning. Through observations and some teaching practices concludes that the affection and education is a challenge for meaningful learning and is a process of education for life, a partnership between teacher, student, family and community, social groups as important to the success of learning student. this role is up to us teachers not being prepared, we must prepare ourselves for this purpose, the problem is not at the student, but the competence of the teacher even if the victim of the precariousness of training, training and professional devaluation is committed to redeem the bond affectiveteacher-student. Understanding the need for their effective and active participation in the transformation process of knowledge construction, and the reality experienced by the student. However, this is not enough today, as well as the need for interaction is vital that this interaction is associated with the affection between teacher and student, as affection is a word missing in our day.
KEY WORDS: Affection, teacher-student teaching and learning, coordination

SUMÁRIO
CAPITULO I – INTRODUÇÃO

·Instituição escolar.....................................................................................................3
· Escola espaço de interações afetivas........................................................................3
Ø CAPITULO II – ORGANIZAÇÃO E FUNÇÕES
· Coordenação Escolar e suas atribuições.....................................................................5
· Ensino aprendizagem e afetividade............................................................................9
· Dificuldade de aprendizagem...................................................................................14
Ø CAPITULO III – PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM
Instituição escolar e os processos de ensino aprendizagem afetiva na visão do professor de quinta serie do Ensino Fundamental......................................................................16
Passagem da quarta para a quinta serie momentos de dificuldades no desempenho escolar.....................................................................................................................19
Ø CAPITULO IV – VINCULOS AFETIVOS
· O professor das disciplinas especifica estabelecem poucos vínculos afetivos com os alunos......................................................................................................................22
· A família e a escola como parceiras para a formação do ser humano: Educação, ensino e aprendizagem..........................................................................................................24
. Ø CAPITULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................27
Ø REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS...............................................................30
CAPITULO I
INTRODUÇÃO
Falar de afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que por sua natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num contexto de inter-relações. Entretanto, a interação social depende da maneira como as pessoas se percebem, uma vez que a percepção que temos de outrem é influência de nossas experiências passadas, preconceitos e valores, que interferem de forma definitiva nas relações humanas, como também de nosso estado emocional momentâneo. Em outros termos, uma das vias de entendimento dos conflitos no interior da escola é acerca da qualidade das relações interpessoais entre seus atores.
Cada ser particular relaciona-se com outro num processo de desenvolvimento singular, delineado nas relações sociais. Organiza seu comportamento frente às situações com as quais se depara no seu dia-a-dia, cujo processo realiza-se com base na natureza biológica e cultural que caracteriza o comportamento humano, constituindo assim, a história do sujeito.
Partindo do pressuposto de que o ser humano necessita viver em grupo e participar da vida em sociedade e relacionar-se para perceber-se enquanto ser humano. Que defendemos que é imprescindível e relevante as relações afetivas no espaço da escola para a aquisição do conhecimento do aprendente e também na construção integral do seu eu.
A afetividade é o território das emoções, das paixões e dos sentimentos; a aprendizagem, território do conhecimento, da descoberta e da atividade; organizam-se em fenômenos complexos e multideterminados, definidos por processos individuais internos que se desenvolvem através do convívio humano.
Ter afetividade e a aprendizagem como tema implica enveredar por um caminho intrigante que envolve processos psicológicos difíceis de serem percebidos e desvendados. É ter a subjetividade como objeto de pesquisa, o dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante, não está sujeito à objetividade ou a dados concretos que ao serem analisados possibilitam maior segurança e racionalidade. Pelo contrário, o seu percurso nos possibilita mais questionamentos do que certezas. Exige uma aproximação do objeto de pesquisa que vai além das evidências, que leve em conta todos os componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas e de uma melhor compreensão da subjetividade do desenvolvimento humano do aprendente correlacionando não somente com a vida escolar, como também social, investigando os problemas de aprendizagem escolar entrelaçados pela cognição e afetividade.
Identificando a contribuição que a afetividade pode dar na ação pedagógica e na aquisição do conhecimento, buscando um aprofundamento sobre as dimensões afetiva, cognitivas e motoras e suas inter-relações, bem como para servir como um instrumento para reflexão pedagógica e compreensão do desenvolvimento da afetividade e sua influencia no processo de ensino aprendizagem, possibilitando repensar, as práticas e procedimentos atuais, através da articulação e entrelaçamento entre afetividade e cognição, emoção e razão.
A sala de aula é um espaço de vivência, de convivência e de relações pedagógicas, espaço constituído pela diversidade e heterogeneidade de idéias, valores e crenças. Assim, é impregnado de significado, é espaço de formação humana, onde a experiência pedagógica – o ensinar e o aprender – é desenvolvida no vínculo: tem uma dimensão histórica, intersubjetiva e intra-subjetiva. Pesquisar esse cotidiano se constitui então, um desafio.
A relevância do tema está em levantar uma questão que parece começar a incomodar alguns profissionais da área educacional. Portanto, é de fundamental importância abordar que ação pedagógica deve nortear a relação afetiva que influenciará diretamente na auto-estima do aluno, tendo em vista diferenças individuais e comportamentais inerentes ao ser humano.
A importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem e nas relações pedagógicas professor - aluno aponta para o fato de que a afetividade pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma criança na escola.
Freqüentemente nos defrontamos com situações que refletem a ausência de práticas pedagógicas que respeitem as diferenças existentes em sala de aula. Com isso, é cada vez mais comum encontrarmos professores que reclamam de determinados “alunos problemas”, assim considerados, por não conseguirem um relacionamento satisfatório dentro da sala de aula. Sabe-se, porém, que algumas dificuldades existem nesta relação professor e aluno, e que muitos alunos, em especial de 5ª serie, onde a maioria tem como agravante a falta de estrutura de base para a serie que atuam, ficam perdidos nesse primeiro ano de estudo: o número de professores aumenta, a organização de horários muda, cresce o volume de disciplinas, e eles ficam confusos.
Tendo em vista que uma grande porcentagem destes “problemas” pode ser de cunho afetivo e que, acontecendo com certa freqüência, pode comprometer a auto-estima deste aluno, é fundamental que os docentes tenham competência para conhecer suas necessidades propondo desafios adequados levando-os a construir conhecimentos a fim de que o prazer venha da própria aprendizagem, do sentimento de aptidão e de segurança para resolver problemas.
INSTITUIÇÃO ESCOLAR
ESCOLA: Espaço de interações afetivas.
A escola é um espaço de multiplicidades, originário da atuação dos educadores mantém uma relação dialética com a sociedade. Onde diferentes valores, experiências, concepções, culturas, crenças e relações sociais se misturam e fazem do cotidiano escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de sujeitos. Ao mesmo tempo em que reproduz, ela transforma a sociedade e a cultura, são movimentos simultâneos. Essa rica heterogeneidade que permeia a escola acaba por se confrontar com uma estrutura pedagógica que está baseada num padrão de homem e de sociedade, que considera a diferença de forma negativa, gerando assim uma pedagogia excludente.
As relações estabelecidas no contexto escolar têm se revelado cada dia mais difíceis e conflitantes. A descrença de que a escola possa constituir-se num espaço de construção de conhecimento, de alegria, de formação de pessoas conscientes, participativas e solidárias, tem recrudescido. Os sentimentos em relação a ela têm sido de desilusão, desencanto e impotência diante dos inúmeros problemas cotidianos. Um deles refere-se às relações eu - outro, a não aceitação do outro como um legítimo outro na convivência na inabilidade de se lidar com os conflitos comuns ao convívio humano, ou seja, questões ligadas à afetividade que integra a emoção, a paixão e o sentimento, presentes em todas as relações humanas. Esses e outros problemas estão presentes no chão da escola, e superá-los implica um desafio imbricado em questões políticas, econômicas sociais e pedagógicas.
Mas é necessário encarar este desafio como uma utopia, como uma possibilidade de mudança em que a busca e o diálogo estimulem a capacidade reflexiva e a construção de uma visão plural do conhecimento.
É preciso levar em conta o sujeito concreto, contextualizado no tempo e nos espaços – professor e aluno – atuantes no cenário educativo, que pensam, sentem, sofrem, amam e criam. O sujeito é um espaço de singularidade, gestado no conflito, nas diferenças, no heterogêneo.
Com a intenção de traçarmos caminhos que nos permitisse investigar a relação entre o afetivo e o cognitivo no contexto da sala de aula, as observações foram realizadas, tendo como eixos a relação entre afetividade e cognição no processo de aprendizagem e a relação afetiva do sujeito com os outros sujeitos como um elemento instigante no processo ensinar-aprender.
A escola precisa ser espaço de formação de pessoas capazes de serem sujeitos de suas vidas, conscientes de suas opções, valores e projetos de referência e atores sociais comprometidos com um projeto de sociedade e humanidade. As práticas dos educadores que ocorrem na escola, também se apresentam dialéticas, complexas. Levar os educadores a conscientização da necessidade de uma nova postura é a meu ver, acreditar na possibilidade de transformar a realidade e também acreditar na escola como um espaço adequado para isso, por meio de um movimento dialético de ruptura e continuidade podendo assim cumprir sua função inovadora.
A questão da autonomia escolar e de seu desdobramento num projeto pedagógico é um problema, pois está sempre sujeita a interferências de órgãos externos que decidem e orientam, não levando em conta suas diversidades, mesmo que essas interferências sejam bem intencionadas. Dentro dessa realidade se faz necessário novas ações pedagógicas com a finalidade de treinar, esclarecer, como acontece a organização de um sistema de ensino no caso da divisão em anos ou séries ou ciclos. Essa falta de organização escolar vem reproduzindo a dificuldade de uma assimilação de uma ação comunicativa construtiva entre outros. Esses recortes e separação só empobrecem a aprendizagem porque o conhecimento não é organizado por etapas o que dificulta todo acompanhamento pedagógico. O professor e toda equipe gestora necessitam de uma organização curricular com apoio institucional, conquista diária, constatando, interpretando, compreendendo ate explicar a realidade.
Segundo Anísio Teixeira (1960) “A luta pela autonomia da escola insere-se numa luta maior pela autonomia no seio da própria sociedade. A eficácia desta luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o novo e não apenas pensá-lo. Mas, para isso, é preciso percorrer um longo caminho de construção da confiança na escola, na capacidade de ela resolver seus problemas por ela mesma e de autogovernar-se."
CAPITULO II
ORGANIZAÇÃO E FUNÇÕES
COORDENAÇÃO ESCOLAR E SUAS ATRIBUIÇÕES.
No cotidiano escolar todos os envolvidos são considerados agentes transformadores e sujeitos ativos no processo de administração e organização, dividindo-se responsabilidades, conjugando-se esforços, otimizando-se procedimentos, através do planejamento execução e comprometimento.
O coordenador é apenas um dos atores que compõem o coletivo da escola, para coordenar direcionando suas ações para a transformação precisa estar consciente de que seu trabalho não se dá isoladamente, mas nesse coletivo, mediante a articulação dos diferentes atores escolares, no sentido da construção de um projeto político pedagógico transformador. Assim as mudanças são significativas para toda comunidade escolar de maneira que as concordâncias e discordâncias, as resistências e as inovações propostas se constituem num efetivo exercício de confrontos que possam transformar as pessoas e a escola.
A ação do coordenador qual tal a do professor traz subjacente um saber fazer um saber ser e um saber agir que envolvem respectivamente as dimensões técnica, humano-interacional e política desse profissional e se caracterizam em sua atuação.
O coordenador quando planeja suas ações, atribui um sentido ao seu trabalho (dimensão ética) e destina-lhe uma finalidade (dimensão política) e nesse processo de planejamento, explicita seus valores, organiza seus saberes para realizar suas intenções política educacionais. Esse movimento é gerador de nova consciência que aponta para novas necessidades, gera novas interrogações, propicia novas construções e novas transformações. A mudança na escola só se dará quando o trabalho for coletivo, articulado entre todos os atores da comunidade escolar. Num exercício individual e grupal de trazer as concepções compartilhá-las, ler as divergências e as convergências e mediante esses confrontos construir o trabalho.
O coordenador como um dos articuladores desse coletivo precisa ser capaz de ler observar e congregar as necessidades dos que atuam na escola e nesse contexto introduzir inovações para que todos se comprometam com o proposto.
Desencadear o processo de formação continuada na própria escola, o coordenador como articulador e assumindo as funções de formador deve possibilitar ao professor a percepção de que a proposta transformadora faz parte do projeto da escola, propiciará condições para que ele faça de sua pratica objeto de reflexão e pesquisa, habituando-se a problematizar seu cotidiano, a interrogá-lo e a transformá-lo, transformando a própria escola e a si próprio. Ressaltando que ao propor praticas inovadora, é preciso que o coordenador as conecte com as aspirações, convicções, anseios e o modo de agir e pensar do professor, para que estas tenham sentido para o grupo e contem com sua adesão.
Embora a atitude de parceria do coordenador com o professor esteja implícita nas diversas ações, creio ser necessário explicitá-la como umas das ações capazes de promover mudanças nas praticas dos professores. O professor se compromete com seu trabalho, com o aluno, com seu contexto e consigo mesmo. Por sua vez, o coordenador tem condições de respeitar e atender aos diferentes ritmos de cada professor, compartilhar essas experiências no pensar e no agir possibilita ao coordenador rever seu papel, historicamente dado, de supervisionar, de deter informações, para “co-visionar.” Aprender junto, complementar o olhar, ampliar as perspectivas de atuação em sala, de maneira menos fragmentada. Desencadear novos olhares gerando novas ações.
Comprometer a equipe escolar no processo de reflexão e discussão na construção de seu planejamento realizando tarefas com busca de objetivos comuns. Criar vínculos afetivos antes de lidar com as criticas, expor os não saberes, confrontar com as faltas pra que a equipe se sinta segura para expressar seus sentimentos sobre determinado assunto. Favorecer sempre a construção do grupo.
E como afirma Freire: (1987) Lidar com grupos implica lidar com diferenças o que equivale a enfrentar conflitos e buscar caminhos para superá-los.
Tive oportunidade de observar alguns coordenadores que se revelaram comprometidos com seu trabalho porem na maioria das vezes o medo da divergência na escola com diretora e professores impedia o debate e a realidade dos fatos. O que impedia de evoluir para a compreensão dos argumentos que se contrapunham.
Essa relação impedia o incentivo á participação critica e criativa dos professores, uma vez que o imediatismo de algumas decisões e as constantes exigências de respostas urgentes do cotidiano impedia estratégias que pudessem contemplar os diferentes ritmos e modos de participar dos professores.
Na verdade os problemas se entrelaçam e são decorrentes um do outro pela ausência de reflexões sobre a função da escola, educação e formação política e pedagógica dos professores.
As reuniões pedagógicas na pratica vem mostrando grandes distanciamentos entre o desejado e o real, e essas criticas são expressas nos intervalos, corredores cafezinho deixando de ser contribuições efetivas para que saltos qualitativos se efetivem.
Muitas vezes, os professores não se dão conta de que existe um descompasso entre o que pensam e o que fazem, atuam segundo teorias de ação diferentes daquelas que professam. É nesse descompasso que as descobertas podem ocorrer ao professor nas indagações, inquietações, em não ter respostas, ter de procurar, nesse momento o coordenador precisa desalojar praticas instaladas e se propor dar espaço para o professor falar sobre suas percepções e olhar para a própria pratica, descobrindo novas possibilidades, não imaginadas anteriormente. Partindo dessa perspectiva indícios nos mostram que as reuniões não levam a construções coletivas de saberes, ao contrario, as problemáticas são discutidas com vistas à busca de soluções mais ou menos imediatas e mais apoiadas no senso comum do que a partir das reflexões sistematizadas.
O trabalho do coordenador com os professores é envolvê-los em reflexões, fazendo errar, rever, mudar e decidir constantemente na vida escolar ambos precisam ter mentalidade aberta, responsabilidade entusiasmo em seus momentos de reflexão. Digo responsabilidade nas escolhas feitas em termos do que foi ensinado e como foi ensinado. E entusiasmo no sentido de afrontar as atividades com curiosidade, energia capacidade de renovação e lutar contra a rotina.
Considerando certo tempo em que estive coordenadora de uma escola municipal apresento algumas observações construídas a partir dos encontros com outros coordenadores, professores e através de leituras e discussões com o grupo. É preciso investir no aprimoramento profissional, estar atualizado com relações as políticas educacionais vigentes o que normalmente não é incentivado pelos dirigentes nem secretaria de educação. Assim é comum a vivencia insatisfatória ao comparar o que gostaria com o que se consegue fazer, os desejos de atuação não condizem com que a escola pensa e possibilita sobre isso. A contradição interna de certas estruturas escolares é um fator que intervém na atuação do coordenador, é claro também que há necessidade de uma estrutura e de uma organização que minimamente propiciem condições reais de trabalho, podemos ainda supor que a falta de formação adequada para exercer esse cargo pode fazer que sua atuação não traga os resultados esperados. Às vezes também sem autonomia ou conhecimento de suas próprias necessidades de formação.
Em minha concepção torna-se necessário um coordenador consciente das mudanças de seu papel, da importância de sua atualização e do desenvolvimento de um trabalho em parceria com o professor, escola e sociedade. Por outro lado não se acomodar diante das dificuldades impostas pelos sistemas, e isso só será possível com a consciência de sua função, para que tendo clareza dela, valorize-a e saiba quando e como intervir.
E para superar esses entraves faz-se necessário que as escolas procurem resolver os problemas de dificuldades de aprendizagem, disciplina entre outros no dia-a-dia quando se evidenciarem, utilizando reuniões para elaborar diagnósticos e planejar ações que ajudem aos docentes com mais conseqüência e segurança os dilemas próprios de sua profissão. Elaborar um projeto de formação em serviço atendendo as necessidades e dificuldades que os professores tem em seu trabalho pedagógico e que se evidenciam nos diagnósticos. Mas para que isso ocorra, é necessário que algumas posturas e certos encaminhamentos sejam conduzidos de maneira adequada.

ENSINO APRENIZAGEM E AFETIVIDADE
A posição de Wallon (1981) a respeito da importância da afetividade para o desenvolvimento da criança é bem definida. Em sua opinião, ela tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade e este, por sua vez, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais.
Com a influência do meio, os gestos lançados no espaço, de manifestação basicamente orgânica, transformam-se em meios de expressão cada vez mais diferenciados, inaugurando o período emocional. Agora, os movimentos não são carregados de pura impulsividade, nem baseados nas necessidades orgânicas, mas são reações orientadas resultantes do ambiente social; é o momento em que as reações emocionais se diferenciam. A vida afetiva da criança, inaugurada por uma simbiose alimentar, é logo substituída por uma simbiose emocional com o meio social. Com a emoção, as relações interpessoais se intensificam; é ela que une o indivíduo a outrem, possibilitando a participação do outro e, conseqüentemente, a delimitação do eu infantil.
A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento; são construídas e se modificam de um período a outro, pois, à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas. É mais salutar para uma criança de quatro anos ser ouvida e respeitada do que ser simplesmente acariciada e beijada. Por exemplo, no estágio personalista, em que o comportamento dominante é o afetivo, a função dominada, a inteligência, pactua com as conquistas da afetividade, preparando-se para sucedê-la no próximo estágio. A evolução da inteligência é incorporada pela afetividade de tal modo que outras relações afetivas emergem. O advento da representação, uma conquista do campo intelectual, permite à criança ter relações afetivas mais complexas, como a paixão e o sentimento. Falar em afetividade e auto-estima é acreditar em uma educação com relevância social e, logo, em uma escola construída a partir de respeito, compreensão e autonomia de idéias. Uma vez que se pretende formar cidadãos honestos responsáveis, a formação da auto-estima é fundamental para qualquer indivíduo.
Sabemos que a atitude do professor, a forma como ele interage com a classe, como direciona o seu fazer pedagógico está relacionado às suas concepções de homem e de mundo, sejam elas conscientes ou inconscientes.
O diálogo pode ser significativo para estimular o interesse, a necessidade e a conscientização na relação ensino-aprendizagem e pode contribuir para a reciprocidade entre afetividade e aprendizagem, o que não deve ser confundido com permissividade, o diálogo entre professores ou professoras e alunos ou alunas não os torna iguais, mas marca a posição democrática entre eles ou elas. Os professores não são iguais aos alunos por n razões, entre elas porque a diferença entre eles os faz ser como estão sendo (Freire, 2000, p.117).
É imprescindível, então, que no contexto escolar trabalhemos a articulação afetividade-aprendizagem nas mais variadas situações, considerando-a como essencial na prática pedagógica e não a julgando como simples alternativa da qual podemos lançar mão quando queremos fazer uma “atividade diferente” na escola. Essa articulação deve ser uma constante busca de todos que concebem o espaço escolar como locus privilegiado na formação humana.
É importante resgatar a auto-estima e melhorar o desempenho intelectual de alguns alunos socialmente rejeitados e psiquicamente bloqueados. Sabemos que a maioria dos professores valoriza as boas notas nas avaliações esquecendo-se do insondável ser humano que esta por detrás das notas ruins. A emoção traz coragem e criatividade para o aluno frustrado, promove e expande os horizontes da inteligência e como afirma Vygotsky “O objetivo final da educação consiste apenas em ensinar amor ao homem”.
Acredito que os fatores afetivos e emocionais são responsáveis pela maioria dos problemas de aprendizagem e de “ensinagem” assim como são inseparáveis aluno e professor no ato educativo. A afetividade faz parte da constituição psíquica do ser humano o desenvolvimento afetivo é a base para os demais desenvolvimentos da pessoa.
Segundo Vygostsky (1992) “não devemos nos esquecer de atingir o sentimento do aluno quando queremos enraizar alguma coisa na sua mente; pois são precisamente as reações emocionais que devem constituir a base do processo educativo. Antes de comunicar este ou aquele sentido, o mestre deve suscitar a respectiva emoção do aluno e preocupar-se com essa emoção esteja ligada a um novo conhecimento.”
Uma atuação pedagógica adequada implica descobrir uma fonte inesgotável de excitações emocionais nas disciplinas consideradas monótonas e no processo de ensino aprendizagem alcançando não apenas o pensamento dos alunos, mas também suas emoções. É evidente que não somente as emoções dos alunos interferem no processo de ensino/aprendizagem, mas também as emoções do professor. Podemos perceber dentro da escola que quando os professores adoecem (doenças psicossomáticas) os alunos sofrem reflexos de suas emoções apresentando problemas de comportamento ou de aprendizagem. Cabe ressaltar que as salas de aulas viraram fabricas de estresse e os professores precisam empreender grande espaço com uma auto-imagem positiva para ensinar alunos desmotivados, desinteressados que se preocupa muito mais com os prazeres mediatos do que com o seu futuro.
A mente possui pensamentos e emoções, e o estudo de qualquer um deles sem o outro jamais será plenamente satisfatório. Uma vez que as emoções estão presentes em todos os aspectos da atividade humana, devemos dar especial atenção aos papeis que elas desempenham no desenvolvimento da inteligência.
O grande pilar da educação é, sem duvida, a habilidade emocional. Não é possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emoção seja trabalhada. Trabalhar a emoção requer paciência; trata-se de um processo continuo porque as coisas não mudam de uma hora para outra. É diferente de uma simples memorização, em que o aluno é obrigado a estudar determinado assunto para a prova, decora, e o problema esta resolvido. É diferente de um conceito em que o professor, detentor do saber, em sua bondade doa o conhecimento ao aluno, que decora esse conhecimento decidido pelo professor. A emoção trabalha com a libertação da pessoa humana. A emoção é a busca do foco interior e exterior, de uma relação do ser humano com ele mesmo e com o outro. O que dá trabalho demanda tempo e esforço, mas é o passaporte para a conquista da autonomia e da felicidade. (Chalita, 2001).
Piaget (1992) afirma que o desenvolvimento afetivo ocorre paralelamente ao desenvolvimento cognitivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoção em geral. Essa necessidade de afeto é a necessidade de ser compreendido, assistido, ajudado nas dificuldades, seguido com olhar benévolo e confiante. Essa a responsabilidade do educador; aprender esse olhar e ter disponibilidade para utilizá-lo no contexto com o apreendente.
Morin (2003) afirma que o desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da afetividade e que as ocorrências emocionais podem oprimir o aprendizado, mas podem também fortalecê-lo. De fato o aspecto afetivo tem profunda influencia sobre o desenvolvimento intelectual que pode acelerar ou diminuir o ritmo do desenvolvimento e determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará.
Assim podemos afirmar que a afetividade humana é construída culturalmente, ou seja, o significado das emoções varia de cultura para cultura sendo concebido e nomeado de forma diversa em culturas diferentes. Estamos convencidos de que não se pode falar de educação sem se levar em conta o fator afetivo, uma vez que recebemos o conhecimento por meio das relações com terceiros. De fato a dimensão afetiva não apenas afeta o processo educativo, mas é um sustentáculo desse processo. O afeto não é algo geneticamente determinado, mas é aprendido durante o desenvolvimento da pessoa e constituído modelos de referencia que nos ajudam a olhar o mundo de maneira subjetiva.
O afeto e educação podem ser considerados dois pilares fundamentais que fazem parte de nossa experiência de vida, de nossa experiência acadêmica e profissional e nos fazem ser o que somos.
Vale lembrar que educação não consiste em receber passivamente as idéias de outrem, mas despertar-lhe desejo de conhecer e indicar-lhe o método de estudo, aprender agindo para a formação de si próprio.
Precisamos reconhecer a necessidade e a possibilidade de se produzir uma mudança na educação dos seres humanos que eles sejam menos influenciados pelo exterior e mais guiados pelo homem interior. Repensar a função da escola e dos educadores, levando-se em conta os objetivos profissionais e a formação dos professores. Capacitar os professores a educar suas próprias emoções, assim como a de seus alunos poderá ser mais útil que muito conteúdo técnico sem aplicação pratica na vida cotidiana atual e futura de seus alunos. Quanto melhor for o estado emocional dos professores melhor será o estado emocional dos alunos.
Enfatizo sempre a questão das emoções e afetividade porque são características intrínsecas do ser humano que influem e interferem nos processo de formação e no processo de ensino/aprendizagem.
O conhecimento humano tem se multiplicado desenfreadamente e a tecnologia se encarrega de disseminar esse conhecimento quase que em tempo real através de diversos meios como internet, televisão, celular etc., portanto exige-se um olhar mais humanizado que reconhece a subjetividade de cada individuo na sala de aula procurando oferecer a todos uma experiência de aprendizagem divertida, atraente, com abordagens variadas que vencendo a rotina dos processos de ensino tradicionais garantam um colorido emocional ao momento educativo.
Comungo com Sara Paín (1995) ao referir que a pedagogia durante muitos séculos, levou em conta apenas uma parte do ser humano, o sujeito epistêmico-sujeito que se dedica somente ao conhecimento-baseando-se nas capacidades ou habilidades que esse individuo tem para conhecer. Essa pedagogia não levava em conta que esse indivíduo tem ao mesmo tempo uma historia um destino, algo que o diferencia dos outros indivíduos tem sua singularidade.
Devemos reconhecer que cada aluno é um ser único e peculiar no universo, merecendo, portanto um olhar singular por parte do educador. Não resta duvida de que essa característica torna ainda mais difícil o trabalho do professor, pois a medida que não se encontram nunca duas crianças rigorosamente idênticas, as soluções que deram certo com um aluno não necessariamente darão o mesmo resultado com o outro.
Assim o trabalho do educador não pode se apoiar em mera repetição de técnicas pedagógicas, mas deve ser uma criação continua e sempre original, resultado de um olhar que deseja fazer de cada aluno uma pessoa feliz e realizada como ser humano.
O nosso trabalho como educador tem que ser temperada com emoção, com ações inesperadas, que com certeza será bem mais sucedido e eles não esquecerão jamais.
Como já foi ressaltado anteriormente toda experiência ou ação só tem sentido quando é portadora de uma carga emocional, os alunos precisam permitir a entrada de novos conhecimentos, processar as experiências subjetivas para seu desenvolvimento pessoal. Caso contrário a inteligência se “trava” restringe a sua capacidade de pensar. Por isso devemos primeiro conquistar a emoção, depois à razão dos nossos alunos. Pois as emoções representam um dos registros mais importantes da subjetividade humana.
Por isso as técnicas pedagógicas devem privilegiar uma comunicação motivadora com novos conhecimentos para garantir motivação e interesse por parte dos alunos, estimulando a emoção desacelera o pensamento e melhora a concentração.
As emoções também podem ser de ordem negativa como medo, vergonha, depressão, ansiedade, angustia etc. A dor emocional também produz seus efeitos no processo de ensino/aprendizagem. Por exemplo, o medo de ser corrigido diante dos colegas produz humilhação e traumas. Em alguns casos a ansiedade ou sofrimento pode ser tão grande que provoca um bloqueio de memoria. E uma ofensa ou rejeição pode encarcera uma vida, refletindo principalmente na esfera cognitiva, uma vez que “a mente não existe sem a emoção” ate porque ao se trabalhar as emoções desenvolvem as funções mais importantes da inteligência.
O conheciemnto cognitivo caminha de mãos dadas com o desenvolvimento emocional à emoção pode oprimir o aprendizado, mas pode fortalecê-lo. O conhecimento tem que entrar pela porta da emoção, carregado de sentimentos, sonhos e imaginação.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
A dificuldade de aprendizagem é resultante de conflitos que se encontram diretamente relacionado à metodologia pedagógica, ao sistema de ensino e, ainda, ao vínculo que o sujeito estabelece com a escola, bem como com os professores, pais e sociedade. Assim o afeto explica a aceleração ou retardamento da formação das estruturas; aceleração no caso de interesse e necessidade do aluno, retardamento quando a situação afetiva é obstáculo para o desenvolvimento intelectual da criança. Cabe a instituição escolar contribuir para que a criança integre seu convívio na sociedade, de outro lado à escola deve ajudar a família a solucionar o problema de seus filhos, reintegrando a imagem que se tem deles. Algumas vezes sendo necessário encaminhamento a profissionais especializados como psicólogos ou psicopedagogos. A escola, o educador e a família devem, pois, ser testemunhas da possibilidade do conhecimento.
Os conhecimentos são construídos por meio da ação e da interação. O sujeito aprende quando se envolve ativamente no processo de produção do conhecimento, através da mobilização de suas atividades mentais e na interação com o outro. Portanto, a sala de aula precisa ser espaço de formação, de humanização, onde a afetividade em suas diferentes manifestações possa ser usada em favor da aprendizagem, pois o afetivo e o intelectual são faces de uma mesma realidade – o desenvolvimento do ser humano.
A escola que cria um clima de afeto, simpatia, compreensão, respeito mútuo e democracia, ou seja, um lugar onde todos compartilhem suas experiências e opiniões proporciona o envolvimento de todos os segmentos que dela fazem parte. Esta relação afetiva constitui incentivo para o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva. É importante que o educando seja orientado e motivado para a busca efetiva da construção do conhecimento.A participação da família é importante para o sucesso e faz parte integrante desse processo. A escola deve facilitar a presença dos pais no cotidiano escolar compartilhando das idéias e projetos.
Cabendo aos pais e aos professores construírem com o papel de afetividade no desenvolvimento da criança, onde sejam trabalhadas as emoções de forma prazerosa, pois o resultado do trabalho com essas emoções pode resultar em grandes aprendizagens significativas, seja ela em casa ou na escola.
Para Wallon (1981) existe uma relação entre a função postural e a aprendizagem da criança A função postural dá sustentação à atividade cognitiva. Todos nós já pudemos observar como modificamos nosso tônus quando estamos com dificuldade de entender uma aula, compreender um texto ou resolver um problema. Levantar da cadeira, mudar de posição, “dar um tempo” para o ajustamento postural contribui para que nossa atividade intelectual volte a fluir. De certa forma, as variações tônicas desobstruem o fluxo mental e orientam nossa percepção. Para a criança, esta relação de reciprocidade entre a atividade cognitiva e o controle do tônus é ainda mais relevante: ela aprende por meio da expressão corporal e ao experimentar desafios motores. Assim, a movimentação das crianças na sala de aula deve ser encarada como um recurso para aprendizagem e não um obstáculo.
As variações de postura e posições do corpo, a possibilidade de movimentar-se pela sala, fazer experiências, expressar-se, podem permitir uma maior atenção e interesse na atividade que está sendo realizada.
Essa interação de Wallon é muito importante para nossa reflexão que aponta para a necessidade de um currículo flexível e que trabalhe continuamente com a diversidade das dimensões humanas e com a formação da subjetividade e da sensibilidade.
Cada criança tem características próprias tem aquelas mais tímidas (que demoram interagir com o grupo), essas precisam de estímulos para garantir a interação. Outras são bem agitadas e interagem com mais facilidade. O professor tem que conhecer a sua turma para saber lidar com todos os tipos de situação, porque o educando necessita na maioria das vezes da intervenção do professor para que ele se sinta seguro para se relacionar com o grupo e assim garantir uma troca de saberes. O aluno sente que seus professores constituem equipe com uma finalidade e que esta se valoriza pela intensidade com que se respeita, respeita sua individualidade e a inteligência e age com espontaneidade afetiva.
Vale-se dizer então que além das metodologias usadas deve-se prevalecer o bom senso do educador a respeito da utilização de novas técnicas na aprendizagem, ressaltamos a necessidade da existência de relações educacionais no ambiente da sala de aula. Sabemos que é mediante o estabelecimento de vínculos que ocorrem o processo de ensino – aprendizagem, mas estes vínculos precisam ser significativos e prazerosos.
CAPITULO III
PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM
A INSTITUIÇÃO ESCOLAR E OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM AFETIVA NA VISÃO DO PROFESSOR DE 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Com relação a este tema, tive a oportunidade de vivenciar atitudes concretas ao realizar pesquisas e oficinas com turmas de 5ª séries, da escola onde trabalhei, juntamente com meus colegas, para assim em equipe tornar este trabalho mais enriquecedor com as trocas de experiências. Realizamos projetos com propostas de estudar a relação entre afetividade e aprendizagem no cotidiano da sala de aula, visto que, apesar da existência de teorias e reflexões a respeito do tema, a escola continua priorizando o conhecimento racional em detrimento das relações afetivas. Vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções, e não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o viver humano, e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional.
Definimos que o estudo seria direcionado ao segundo segmento do Ensino Fundamental, 5ª séries, por sentirmos que nesse período as discussões relacionadas à afetividade não se faz muito presentes; aí a preocupação de realizar um trabalho mais voltado para a dimensão afetiva, analisando sempre os pontos positivos para a formação/humanização. Outro fator de interesse se constituiu ao visar como alvo da pesquisa os adolescentes, campo fértil de conflitos e mudanças. Assim definimos como campo de estudo, uma escola pública municipal, que recebe alunos oriundos de diferentes povoados da cidade, caracterizando então, uma multiplicidade favorável à pesquisa.
Neste trabalho, uma situação vivenciada por mim, que me deixou reflexiva foi o diálogo ocorrido com um aluno, de uma turma onde quase todos eram repetentes, apresentando faixa etária acima do que naturalmente corresponde à série e considerados “difíceis” no comportamento e na aprendizagem, ao abordar questões sobre a importância do estudo na vida das pessoas, o qual me respondeu que , ser ladrão, é que é bom, não precisa estudar e ganha muito.
Intervi de forma tranqüila sem demonstrar surpresa, que mesmo nessa situação era necessário ter conhecimento para não se deixar enganar pelos espertos, então mais do que nunca era preciso estudar. A reação dos colegas foi de espanto diante de minha resposta, pois, esperavam falas agressivas e repreensivas, no entanto essa fala fez com que refletíssemos (Professor/aluno) sobre as expectativas em relação à vida, aos valores e projetos de referência construídos por esse aluno. Diante disso, me questionei: A escola será capaz de interferir nesse processo de construção, buscando uma mudança na expectativa de vida do aluno? Conclui que é possível através da ação/interação, da mobilização das atividades mentais, onde o aluno possa refletir, buscar e escrever a sua história de vida. Outra experiência que pude observar foi com relação a outro aluno considerado “não querer nada”, que após este trabalho de mobilização afetiva, teve uma outra conduta em sala de aula diante da aprendizagem, com participação ativa nas atividades.
Com estas experiências destacamos a importância da afetividade na aprendizagem escolar, por sua vez, não depende somente do professor, mas sim de toda uma equipe de trabalho da instituição. É preciso saber tomar decisões em conjunto, trabalhar em parceria, integrar o grupo buscando alternativas conjuntas que sejam sustentadas por um projeto político-pedagógico.
Wallon (1981) numa visão de conjunto, tematizou a questão das emoções numa teoria que não privilegia a emoção em detrimento da cognição, ao contrário, chama a atenção para a relação complementar entre afetividade e inteligência. Considerando desse modo, que a evolução integral do ser humano depende, sobremaneira, da reciprocidade entre ambas. Para o autor, afetividade e inteligência evoluem ao longo do desenvolvimento, estas são construídas e se modificam à medida que o indivíduo se desenvolve. Nesse movimento as necessidades afetivas vão se tornando cognitivas, sendo possível considerar uma unicidade psicobiológica, onde os aspectos afetivos e cognitivos se alternam em termos de predominância dependendo da atividade.
Desta forma, a teoria walloniana nos revela que é na ação sobre o meio humano, e não sobre o meio físico, que deve ser buscado o significado das emoções. Sendo então, a escola um espaço onde as emoções estão presentes, e o professor têm um papel essencial no desenvolvimento afetivo da criança. A partir da convicção de que educar é desenvolver a inteligência conjuntamente com a emoção, a escola não pode ignorar a vida afetiva de seus alunos.
A importância da afetividade na aprendizagem escolar, por sua vez, não depende somente do professor, mas sim de toda uma equipe de trabalho da instituição. É preciso saber tomar decisões em conjunto, trabalhar em parceria, integrar o grupo buscando alternativas conjuntas que sejam sustentadas por um projeto político-pedagógico.
São sem dúvida os sentimentos positivos do professor (interesse, compreensão, respeito, alegria, bom humor, atenção, gostar de ensinar, paciência, etc.) que sentidos pelos alunos, promovem em grande parte os seus sentimentos de simpatia. Em contrapartida, o professor irritado, mal-humorado, autoritário, nervoso, não gosta de ensinar, sem paciência, injusto, faltam às aulas, etc., provoca sentimentos negativos, como a antipatia. É preciso que o professor esteja muito atento aos movimentos das crianças, pois estes podem ser indicadores de estados emocionais que devem ser levados em conta no contexto de sala de aula”.
Vale ressaltar que sempre que a criança apresenta alguma dificuldade em aprender é importante descobrir a causa. A criança, cujas necessidades emocionais não são satisfeitas, tem menos probabilidade de conseguir êxito na escola.
PASSAGEM DA QUARTA PARA QUINTA SERIE MOMENTO DE DIFICULDADE NO DESEMPENHO ESCOLAR
A escola pesquisada atende a aproximadamente 900 alunos sendo uma escola municipal, com um número reduzidíssimo de pessoal na equipe técnico-pedagógica apenas um professor orientador pedagógico e nenhum orientador educacional o que evidentemente dificulta as possibilidades de reflexão e articulação da ação pedagógica.
Vivenciamos a cada dia, seja através das observações, entrevistas ou análise teórica, a complexidade que caracteriza o espaço escolar e o tema em questão, pois o mesmo envolve valores, concepções e vivências diferenciadas que retratam os sujeitos envolvidos neste cenário O despreparo para lidar com as questões emocionais e a visão padronizada de comportamentos e valores, dos sujeitos envolvidos na ação educativa professores, diretores, coordenadores, acirram de forma significativa esses conflitos, na medida em que os vê como afronta e desrespeito.
A passagem da quarta para a quinta serie se configura como um momento no qual novos elementos complexificam as praticas adotadas por professores. A passagem é descrita como uma época de transformações e desafios, especialmente para o aluno. Segundo Bossa (2000), entrar para a quinta serie ao mesmo tempo em que simboliza o desejo de crescer, de lutar por uma nova identidade e expectativa social, faz com que o aluno tenha que lidar com a dor que esse crescimento pode trazer.
Uma primeira mudança diz respeito aos sentimentos que se relacionam á quinta serie. A experiência de dividir o conhecimento em áreas de ensino gera a sensação de que a quinta serie exige mais dos alunos e que é preciso um empenho muito maior para superá-la. Os alunos percebem que a brincadeira fica do lado de fora da sala de aula e que o envolvimento e interesse pelo estudo são cobrados como obrigação.
Os alunos chegam na 5ª série do Ensino Fundamental com grandes dificuldades de aprendizagem é tudo diferente, não acompanham os conteúdos trabalhados alheio a tudo e a todos não consegue internalizar os conhecimentos aprendidos dificultando assim, a sua evolução cognitiva. Pois os professores não conseguem dar a mesma atenção para todos, isso pelo fato de ministrarem aulas em diferentes turmas e diferentes séries. Além disso, há um professor para cada disciplina o que, também dificulta, a princípio, o relacionamento entre professores e alunos, fazendo-os, se sentirem perdidos, desmotivados não participando das atividades dificultando o ensino – aprendizagem.
Em relação a ter vários professores fica evidenciado a confusão inicial pelo fato do professor ter seu nome substituído pela matéria que ministra.
Leonço (1997), afirma que a vida dos adolescentes na quinta serie é uma gangorra oscilante, devido ás mudanças de atitudes; a experimentação de alterações de humor e o contato com diferentes professores permitem ao aluno construir novas formas de relação com o conhecimento, sentindo-se responsável por sua ação. Com esse movimento, surge “um sujeito que, pelo menos afetivamente, já começa a demonstrar “reformulações” diante do seu grupo familiar e escolar”(p.294).
A escola, vista como um espaço em que os educandos diariamente permanecem parte de seu tempo, por isso, precisa envolver-se de carinho, afeto e atenção às crianças. É um espaço de interação entre as pessoas no qual o professor tem por meta representar, de maneira afetiva e interativa, os conteúdos escolares de acordo com a realidade do educando. Portanto, falar sobre a relação professor-aluno dentro da sala de aula é falar sobre estratégias de promover o processo ensino-aprendizagem.
O professor da rede pública só sabe lidar com o aluno ideal: "O professor recebe um aluno com dificuldades como se não fosse problema seu, a encosta no fundo da sala. Não sabe adequar as atividades aos diferentes ritmos na sala de aula e, por isso, exclui quem é mais lento. Trabalhar para que a aprendizagem ocorra é dever do professor, mas a questão é por que o aluno não aprende. Para isso precisa saber lidar com a realidade sobre todos os aspectos que podem influir no desempenho do aluno ou provocar o seu fracasso levando em conta o choque da mudança de transferência de série às vezes de escola, fraco desempenho, baixa qualidade de ensino e outros problemas conhecidos.
Na maioria das vezes o aluno é promovido sem dominar os elementos fundamentais de cada etapa, ele chega à quinta serie e não sabe ler nem escrever! Não entende o que lhe é ensinado, pois é promovido para evitar evasão escolar, para fazer número, mas não dão conta das progressivas exigências acadêmicas, isso mostra que a educação vai mal devido à própria estrutura da educação. Tudo isso gera desempenho insatisfatório por que o aluno além de chegar despreparado se depara com diversas disciplinas com cinqüenta minutos de hora/aula, sem um acompanhamento proximal do professor, as diferenças culturais entre a escola e a vida.
No cotidiano da sala de aula, essas situações de conflito aluno/aluno, aluno/professor são muito comuns. Há um misto de irritação e medo e as crises emocionais são freqüentes, gerando muitas vezes, o descontrole e a redução do nível de discernimento para a resolução dos mesmos.
Nesses momentos, a afetividade deverá ser intensa, a emoção só será compatível com os interesses e a segurança do indivíduo se souber se compor com o conhecimento e o raciocínio – seus sucessos –, ou seja, se em parte, deixar-se reduzir. Professores que em suas atividades pedagógica procuram criar um clima de respeito e amizade entre professor-aluno, na medida em que os trata de forma educada, respeitosa e com afetividade, mesmo quando os repreende, alcança os objetivos esperados. Essas aulas significam mais que um simples conteúdo, há uma relação direta com situações de interação e afeto, o que estimula o aluno a uma aprendizagem significativa, uma vez que se sente respeitado e valorizado em seu ambiente escolar.
Segundo Wallon (1981), a emoção deve ser diferenciada de algumas manifestações afetivas. Em sua teoria, verificamos que o relevante seria a emoção refletida na sala de aula, pois a escola muitas vezes só mantém a função de transmissora do conhecimento, ignorando o trabalho paralelo do desenvolvimento humano, relacionado ao aspecto cognitivo, pois na verdade, os aspectos afetivos são considerados como processos distantes da relação do conhecimento.
CAPITULO IV
VINCULOS AFETIVOS
OS PROFESSOES DAS DISCIPLINAS ESPECIFICAS ESTABELECEM POUCOS VÍNCULOS AFETIVOS COM OS ALUNOS
O ingresso no Ensino Fundamental II marca, definitivamente, o vínculo com a vida estudantil. Os alunos tem uma concepção de “escola novidade” mas logo descobre que alem de ter que aprender diversos conteúdos, enfrenta o desafio de se adaptar a uma nova realidade colocando-se disponível ao conhecimento. Nesse sentido, descobre que os periodos de recreação diminuiram, assim como a flexibilidade da rotina em sala de aula, sendo um choque nessa passagem. Constatamos que muitas crianças que ingressaram na quinta série curiosas e interessadas chegam ao final sem a disposição de seguir seus estudos ou interessar-se pelo ensino.
Participamos na escola de diferentes situações, observando aulas de diferentes disciplinas, os intervalos entre as mesmas, o refeitório e o recreio. Foram feitas entrevistas com alunos das séries observadas e pelos seus e professores.
As observações visavam ao propósito de analisar as relações tecidas no dia-a-dia da escola, entre professor/aluno e aluno/aluno.
As turmas observadas, sendo cinco turmas de 5ª série no ano de 2009 eram constituídas de alunos e alunas, na sua maioria, oriundos da classe popular e cuja faixa etária variava entre 12 a 19 anos. Apresentavam em geral, pouco interesse pelos conteúdos escolares, eram muito falantes, tinham um bom índice de freqüência, porém, alguns alunos, nem sempre permaneciam na sala de aula, mas se faziam presentes na escola, nos corredores, no pátio, em grupinhos que socializavam questões relacionadas à sexualidade à música, novelas etc. eles fazem qualquer coisa pra ficar fora da sala de aula. O espaço fora da sala de aula passa a ser um lugar onde se encontram amigos. Entretanto manifestam algumas ações na sala de aula como o medo demonstrado através de situações novas em responder alguma atividade, apresentar algum trabalho, buscando na maioria das vezes um olhar afetivo do professor. Muitos professores não sabem lidar com as situações emotivas dos alunos, (nesse sentido o cenário educativo tem se ocupado pouco com aspectos mais voltados para as áreas das relações interpessoais e dos afetos e emoções.) Pois elas podem ser imprevisíveis, sem contar o grande número de alunos por turma, não tendo nem mesmo como organizar o espaço para o trabalho em sala de aula. Isto torna impossível a atenção do professor, a todos no decorrer da aula. E essa desatenção, muitas vezes é interpretada como indisciplina, podendo atrapalhar tanto os colegas como o professor.
Muitas vezes os professores se revelam como um alvo frágil e fácil do aluno atingir. Essa falta de aproximação entre o professor e a emoção deixa-o totalmente cego diante das expressões na sala de aula.
A FAMILIA E A ESCOLA COMO PARCEIRAS PARA FORMAÇÃO DO SER HUMANO: EDUCAÇÃO, ENSINO E APRENDIZAGEM
Há uma grande necessidade que se faça uma parceria com família e escola, para que dessa forma haja responsabilidades de ambas as partes na formação do ser humano.
Falar sobre família em dias atuais exige de nós, muito cuidado e compreensão, pois temos que entender que não existe um modelo de família, mas sim uma diversidade de modelos familiares onde cada um tem sua particularidade.
Entender essa diversidade familiar acabou gerando uma maior participação dos profissionais da educação, principalmente na vida pessoal e educacional dos alunos, substituindo a função dos pais em algumas situações, elevando assim a sobrecarga dos professores. Mas, não podemos esquecer que a educação é um processo universal, que tanto a sociedade, a família, como a escola, são responsáveis por essas funções
Embora encontrem várias maneiras de lidar com certos problemas educacionais, presentes dentro do contexto escolar o mais grave entre todos é a ausência da participação da família no desenvolvimento cognitivo, psíquico e social de seus membros, desse modo acabam confundindo suas funções, os pais transferem suas responsabilidades para escola ficando assim isentos do seu verdadeiro papel de pai.
No entanto sabemos que a família sempre será a primeira instituição onde a criança nasce e vive. Ela também deve estar atenta à vida educacional de seus filhos sendo a responsável no processo de ensino-aprendizagem, pois é no ambiente familiar que são transmitido os valores sociais e a estrutura pessoal de cada membro. E Sabemos, também, que hoje, tanto a escola como a família não podem viver, uma sem a outra.
Quando se fala da participação da família no processo de ensino e aprendizagem, tem que se levar em consideração o contexto em que o aluno está inserido. Muitas famílias estão a mercê da sociedade, vivem desestimuladas, desempregadas, ameaçadas por situações de extrema pobreza. Precisando que ocorra neste sentido a situação inversa, que a escola seja sua parceira, que os ajude a construir a tão sonhada educação de seus filhos
Na teoria de Henri Wallon (1981) a dimensão afetiva é destacada de forma significativa na construção da pessoa e do conhecimento. Afetividade e inteligência, apesar de terem funções definidas e diferenciadas, são inseparáveis na evolução psíquica. Entre o aspecto cognitivo e afetivo existe oposição e complementaridade. Dependendo da atividade há a preponderância do afetivo ou do cognitivo, não se trata da exclusão de um em relação ao outro, mas sim de alternâncias em que um se submerge para que o outro possa fluir. A escola é um campo fértil, onde essas relações a todo tempo se evidenciam, seja através dos conflitos e oposições, seja do diálogo e da interação.
As relações familiares e o carinho dos pais exercem grande influência sobre a evolução dos filhos, pois, a inteligência não se desenvolve sem a afetividade. Segundo Almeida (1999, p.50): A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento: são construídas e se modificam de um período a outro, pois, à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas. Isso mostra que está presente na vida dos filhos é muito importante: sentar com eles; contar uma história; contar as vitórias e as derrotas da vida; deixar que eles façam parte do seu mundo. É muito importante também que os pais brinquem com seus filhos: role no tapete, jogue bola e participe do seu dia -a- dia, essa afetividade pode trazer grandes benefícios para a aprendizagem escolar da criança.
O desenvolvimento psíquico da criança dá-se através do meio social que ela convive. Segundo Almeida (1999, p. 63) ao mencionar Wallon ela observa que “são as emoções que unem a criança ao meio social: são elas que antecipam à intenção e o raciocínio.” Muitas vezes, as crianças não estão preparadas para entrarem na escola, pois essa entrada significa o primeiro afastamento da família. Com isso o afeto da professora poderá ajudar muito a criança se interagir com a escola e os colegas.
Depois da família, a escola é a instituição na qual se inicia a socialização entre as crianças. Assim, a principal razão de ser da escola deixa de ser exclusivamente a aprendizagem dos alunos. A interação social, mediada pela afetividade, dá essa sustentação ao papel da socialização. A dimensão afetiva é um importante fator a ser considerado quando pretendemos compreender o desenvolvimento da aprendizagem da criança. É indiscutível a importância da afetividade para o processo educacional. Pesquisas recentes têm demonstrado que afetividade e inteligência caminham juntas no processo de construção da personalidade da criança, consequentemente, essa relação tem influências sobre a aprendizagem escolar.
E o principal papel do professor é o de orientar e guiar as atividades dos alunos, fazendo com que aprendam, progressivamente, o que significa e representa a convivência escolar diante da realidade do educando. A criança se desenvolve não só aprendendo as coisas que lhe são ensinadas na escola.
Também aprende a desempenhar papéis, a se relacionar afetivamente com as outras pessoas da família e da comunidade. Desta forma, o aspecto afetivo do desenvolvimento da criança se auto-reproduz e se produz junto ao grupo social.
Portanto, todo processo de educação significa também a constituição de um sujeito. A criança seja em casa, na escola, em todo lugar; está se constituindo como ser humano, através de suas experiências com o outro, naquele lugar, naquele momento. A construção do real acontece, através de informações e desafios sobre as coisas do mundo, mas o aspecto afetivo nesta construção continua, sempre, muito presente. Conhecer aspectos teóricos do desenvolvimento afetivo e cognitivo como os que foram aqui enfocados é fundamental para o educador preocupado com sua ação pedagógica. Entretanto, muitas vezes faltam-lhes outros elementos para subsidiar sua práxis, sobretudo para poder desenvolver a afetividade de seus alunos.
O olhar do professor e a participação da família para o aluno são indispensáveis para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas.

CAPITULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola e, principalmente, o adulto precisa conhecer o modo de funcionamento da emoção para aprender a lidar adequadamente com suas expressões. O professor deve ter clareza sobre o que é emoção, como funciona, para poder administrá-la em si e no outro. É um grande desafio, uma vez que os progressos da inteligência que são responsabilidade do professor dependem, em grande parte, do desenvolvimento da afetividade.
Garantir a transmissão do conhecimento é fundamental, mas, devemos também nos preocupar com uma outra dimensão que é o lado emocional do ser humano.
Integrar os aspectos cognitivos e afetivos no processo de desenvolvimento do potencial dos indivíduos é essencial para a formação integral das pessoas. No entanto, é a estrutura emocional que dá suporte ao desenvolvimento intelectual. Assim sendo, podemos afirmar que o aspecto afetivo tem profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo do desenvolvimento.
Isto significa que a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da inteligência, e vice-versa.
É essencial que os professores percebam a importância que têm e assumam suas responsabilidades, para que cheguem a conclusão de que não são meros fornecedores de meios para a aprendizagem e sim pessoas que fazem um intercâmbio entre emoções e cognição e que viabilizam momentos de trocas de experiências emocionais.
Observa-se, portanto, que a teoria walloniana aplicada à educação é relevante e constitui-se como rico material de amparo para análise do processo ensino-aprendizagem em todos os níveis. Este referencial fornece pistas importantes para o crescimento pessoal e profissional dos docentes. Galvão (1995) ao apontar as contribuições da teoria de Wallon (1981) coloca que a abrangência do objeto de estudo da psicologia genética do autor, se utilizada como instrumento a serviço da reflexão pedagógica, sugere que a educação deve ter por meta não somente o desenvolvimento intelectual, mas a pessoa como um todo e ao destacar o papel do meio social no desenvolvimento infantil, concebe a escola como meio promotor do desenvolvimento.
O professor deve ser antes de tudo, um preparador emocional, acreditando no seu papel de transformador e na capacidade que o aluno tem de crescer e se desenvolver. Não existem fórmulas mágicas, que irão resolver todas as nossas dificuldades num piscar de olhos, que farão desaparecer de nossas classes os “alunos problemas”. A pretensão é bem mais modesta, mais exige trabalho e boa vontade de todos nós. O educador deve ter consciência e ser alertado da importância de um preparo emocional além de sempre buscar o aprimoramento e a atualização na sua área.
Sentimentos e afetividade na Educação são temas que deveriam ser mais investigados e debatidos no meio acadêmico. Docentes deveriam saber lidar melhor consigo mesmos e com os outros, conhecer melhor como se produzem e manifestam seus sentimentos e afetividade, para poder lidar melhor também com seus alunos, colegas e familiares do aluno.
O professor tem uma função muito importante e de grande responsabilidade dentro da escola, pois sua interação com o educando se reflete no desenvolvimento cognitivo. É preciso que o educador proporcione um clima agradável para o processo ensino- aprendizagem estimulando seus educandos a pensarem, criarem e se relacionarem de forma harmoniosa e tranqüila e transformando o espaço escolar em algo atraente e interessante, bem como relacionar o conteúdo com aquilo que a criança já sabe, dando-lhe a capacidade de ampliar a construção do seu conhecimento.
A aprendizagem para ser completa deve atingir os três aspectos: cognitivo, afetivo e motor, pois se houver alguma deficiência em alguma área provavelmente afetará a aprendizagem e entre estes três aspectos, vemos que geralmente o que menos preocupa o educador é justamente a parte afetiva. Por isto foi feito um trabalho sobre a dimensão afetiva na aprendizagem, para mostrar-nos que a parte afetiva é também um fator importante no processo de aprendizagem do educando e que influencia de maneira significativa a forma pela qual os seres humanos resolvem os conflitos de natureza moral. A organização do pensamento prepondera o sentimento, e o sentir também configura a forma de pensar. Nesse sentido, a afetividade perpassa o funcionamento psíquico, assumindo papel organizativo nas ações e reações.
É fundamental que os professores saibam que toda a criança tem o potencial de gostar de si mesma, e que aprende a ver a si mesma tal quais as pessoas importantes que a cercam a vêem, pois, ela constrói sua auto-imagem a partir das palavras, da linguagem corporal, das atitudes e dos julgamentos dos outros, e é neste quadro que entra a participação da família na construção da formação do aluno, enquanto ser humano. A reflexão sobre a necessidade de se estudar a relação família e escola, onde o professor se dedique em considerar que o aluno/filho, esteja globalizado dentro do espaço escolar,
Não é nada fácil, pois manter uma parceria escola/família, diante da estrutura familiar em que vivemos nos dias atuais. Mas é importante ressaltar neste trabalho a necessidade da participação dela no âmbito escolar, pois desse modo faz com que a criança se sinta valorizada, quando vê a participação de seus pais em sua vida educacional. Reforçamos que, a inclusão da família dentro da escola é tão importante que leva a criança a ter sobre ela uma visão de confiança muito especial,
Em suma, hoje educar significa também preocupar-se com a construção e organização da dimensão afetiva das pessoas que compõem a comunidade escolar. Afinal a escola, para cumprir seu papel, deve ser um lugar de vida e, sobretudo, de sucesso e realização pessoal para alunos e professores. A experiência entre professor e aluno promove o ser, reduz a angústia, facilita os acertos da vida, conduzindo-os a vencer desafios da afetividade e educação na conquista da aprendizagem significativa.
O papel da coordenação/supervisão na instituição e de grande importância, sua atuação é muito ampla dentro da escola. Sua presença é fundamental aos que compõe a equipe pedagógica da instituição, a coordenação colabora muito quando é colocada numa postura de formação, e sua prática vai muito além do convívio e relacionamento com os professores, o que significa ouvir, opinar, planejar e por em execução os projetos escolares, inovar e enfrentar os desafios capazes de desencadear um processo de mudança. Seu papel é facilitar o avanço do professor quanto às propostas pedagógicas e seu planejamento, buscando sempre os melhores meios de interação entre os segmentos e estando em plena consciência de que sua atuação é de forma política, em prol dos anseios da sociedade.
Podemos afirmar que as especificidades da atuação da coordenação pedagógica são os processos de aprendizagem, onde quer que ocorram. É preciso não se julgar pronta só porque tem determinado “poder”, mas cultivar a necessária consciência da incompletude. O supervisor precisa ser uma pessoa flexível que compreenda que o trabalho com o professor só dará certo se ambos entenderem que a relação humana se baseia na crença da possibilidade do outro e que ninguém é melhor ou superior a ninguém, acreditar que o outro pode mudar se tiver efetiva oportunidade e percepção da necessidade, do que se deve e pode mudar.

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